Escrever é construir
Um mundo de ficção
Colocar nele um baú
De métrica, rima e ação
E afogar o leitor
Nas águas da emoção.
É viver plantando sonhos
Onde mais ninguém plantou
Sonhar colhendo a semente
Do sonho que não sonhou
E sugar o mel das pétalas
Da roseira que murchou.
É viajar pelas nuvens
Sem tirar os pés do chão
Almoçar pontos e vírgulas
Traço rima e oração
E andar na mesma trilha
Dos passos do coração.
É transformar um deserto
Numa bonita savaa
Transformar em um milênio
Um simples fim de semana
E andar pelas artérias
Das veias da raça humana.
É sentir a dor alheia
Calando a boca da sua
Passar a noite acordado
Pelas calçadas da rua
Bebendo as lágrimas da noite
Fazendo versos pra lua.
É plantar grão de esperança
Numa batalha perdida
Resplantar pontos e vírgulas
Numa folha ressequida
Deitado nos pés do tempo
Olhando o rosto da vida.
Ser escritor é pisar
Onde ninguém bota o pé
É ser Zé ninguém sem ser
Escravo de nenhum Zé
E viver plantando sonhos
Saudade, vontade e fé.
Antônio Francisco
Livro: Da Arte de Escrever no Rio Grande do Norte
Autor: vários
Natal, 2008
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